quinta-feira, 11 de março de 2010

A mão de Vata e outras histórias



Era uma vez, há 20 anos atrás, uma equipa francesa muito arrogante e convencida, chamada Olympique de Marsellha (assim mesmo, deliberadamente emigrante-style), liderada por um presidente muito arrogante e convencido, um tal de Bernard Tapie. Este senhor, ainda no sul de França e após a 1a mão da meia final da falecida Taça dos Campeões Europeus (1989/90), contra o mais glorioso dos clubes portugueses, o mítico SL Benfica, quando questionado sobre o que esperava da 2a mão no Estádio da Luz (após a vitória de 2-1 na 1a mão) atirou o seguinte comentário em jeito de vaticínio, arrogante e convencido claro está: "Estou tão confiante que vamos estar na final, que se tal não acontecer mudo o meu nome para Bernardette."
Ora, a 7min do fim da partida, a mão de Deus angolana, na personificação de Vata (avançado benfiquista entrado 15min antes) tratou de fazer o impensável françois acontecer. O Benfica ganhou por 1-0 e apurou-se para a final. O Marselha... não.
Todavia, no meio da euforia pela vitória, havia uma multidão que não havia esquecido a promessa feita pelo (até então) Sr. Bernard Tapie. Por isso, e porque os benfiquistas sempre foram sequiosos do cumprimento de promessas e assim, juntaram-se junto da zona de saída da equipa francesa e não se calaram durante vários minutos, entoando repetidamente o novo nome da Sra. Presidente do clube francês: BERNARDETTE!! BERNARDETTE!!



Mas há mais histórias sobre este lendário confronto.
Jean-Pierre Papin era, na altura, o mais temível avançado do O.Marselha (aliás, foi mesmo considerado pelos sócios do clube como o melhor jogador de sempre) e, ainda antes do encontro da 1a mão contra o Benfica, o francês tratou de arreganhar o dente chauvinista típico dos descendentes de Napoleão e disse a Carlos Mozer (à época, no primeiro ano na equipa francesa): "Vais ver o que é um estádio cheio e um ambiente terrível", com isto se referindo ao Velódrome, estádio do Marselha que, à data, não tinha sequer capacidade para 60mil espectadores.
Quando o sorteio ditou que o Benfica estaria no caminho do Marselha para chegar à final, Carlos Mozer pôde, finalmente, retorquir ao pretensiosismo de Papin e respondeu-lhe: "Quer mesmo ver o que é um estádio cheio, com 120 mil a gritar para o mesmo lado?"
Quando chegou o dia do jogo, conta Carlos Mozer, que os jogadores do Marselha estavam atemorizados, ainda no túnel de acesso, com o ambiente criado por 120 mil vozes vermelhas que iam homenageando o mítico Eusébio.
Papin, vergado sob o inexpugnável manto vermelho da Luz, disse apenas: "Mozer, nunca vi uma coisa destas. Tudo isto é incrível. Tiveste sempre razão, o Benfica é enorme."


Finalmente, segue a versão do árbitro, um tal de Marcel van Langenhoven, sobre este caso e, já agora, na primeira pessoa: "Era impossível ter visto a falta do local onde estava. Foi depois de um canto e tinha uns 10 jogadores a taparem-me a visão. Aliás, até os comentadores da televisão francesa precisaram de três repetições para se aperceberam que aquele golo foi marcado com a mão. E nesse lance houve outra falta, um empurrão do Di Meco ao Vata, que era penálti. Não consegui ver nem uma, nem outra."
Caramba, até quando faz uso de meios fraudulentos para atingir os nobres objectivos propostos o Benfica tem uma razão que lhe legitima a trapaça, numa auto-sagração moral que importa sublinhar.

7 comentários:

Anónimo disse...

"Quando chegou o dia do jogo, conta Carlos Mozer, que os jogadores do Marselha estavam atemorizados, ainda no túnel de acesso..."

O famoso túnel!

Isso foi antes ou depois do jogo com o Vigo?

Anónimo disse...

Hoje vão apanhar 5...

Leãozão

Cardio disse...

Como é possível escrever um texto destes e acusar o Marselha de sobranceria?!?!
Se essa foi a razão da derrota do Marselha, a eliminatória está decidida.

Cactus Jack disse...

A história podia ter sido resumida, para não ferir susceptibilidades, da forma que segue:
Era uma vez, há 20 anos atrás, uma equipa francesa que levou no cu. Com a mão. Fim.

Anónimo disse...

"...levou no cu. Com a mão."
Cheira-me mais a um habitué do Cactus Jack durante os últimos 20 anos.

Cactus Jack disse...

Se a mão a que te referes é uma mão estrunfe, então, caro Anónimo 5, estás mais certo que a morte, os impostos e, já agora, as brasileiras do nordeste que trabalham no Porto e são carinhosamente tratadas por café com leite.

Cactus Jack disse...

Caro Anónimo 1, o jogo contra o Marselha foi antes do jogo com o Celta de Vigo. Como foi igualmente antes do jogo do FCP contra o Arsenal desta semana e/ou do jogo do SCP contra o Bayern do ano passado. Foi em 1989/90. Mais alguma questão de datas?