quarta-feira, 17 de março de 2010
Import/Export # 34: A luta de classes com classe
Confesso que gosto da luta de classes. É a melhor maneira que conheço de organizar o mundo e as minhas estantes de discos.
A luta de classes é uma espécie de GPS que nos orienta nesta sociedade competitiva. Se um partido político é o preferido dos patrões, um trabalhador de classe baixa - mesmo com Portas a dar beijos em feirantes - não pode votar nesse partido. É contranatura. Excepto os taxistas, mas aí temos o factor Salazar. O inverso é igual: alguém imagina F. Van Zeller ou Ferraz da Costa, por melhores ideias que Jerónimo tenha, a pôr a cruzinha na CDU?
Claro que não, eles votam Sócrates. Como dizia o anúncio do Restaurador Olex: o que é normal é um preto de carapinha e um branco de cabeleira loura. Ou seja, o patrão rouba o trabalhador e o trabalhador chula o patrão. Assim é que é bonito!
Obviamente, a luta de classes só poderia ser uma ideia de alemães: Marx e Engels. Na Alemanha é que adoram ter sempre tudo bem definido e organizado: judeus para a direita, ciganos para a esquerda. Na minha estante é Clássica/Jazz para um lado, Pop/Rock para o outro, e o Rap vai para o caixote.
Isto tudo a propósito da greve marcada pelo sindicato de pilotos da TAP. Sendo as organizações sindicais o motor da luta de classes, devia ser proibido haver sindicatos para profissões que têm ordenados base de 8.500 euros. Isto é a subversão da luta de classes. É como um preto de cabeleira loura. Em vez de sindicatos, as profissões de 8.500 euros deviam ter associações empresariais.
Até na luta de classes é preciso ter classe.
by José de Pina in Jornal i
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