segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A frase da semana # 106


"Cinquenta dias foi quanto durou este orçamento [de Estado]. Cinquenta dias!!? Tenho pacotes de leite que duram mais. A minha proposta é que se pasteurize o orçamento."
 
by Ricardo Araújo Pereira in "Governo Sombra" (22.fev.2013)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Import/Export # 155: Cus cus

 
«Francisco José Viegas, antigo secretário de Estado da Cultura, disse que, na eventualidade de ser abordado por um desses novos fiscais das facturas, lhe pediria "para ir tomar no cu". O cu entra na política por via da cultura, um canal de prestígio cujo acesso costuma estar barrado ao cu, e a política acolhe com agrado a sensualidade e a volúpia do cu, das quais está sempre muito necessitada.
António Botto, outro escritor que produziu pensamento (e não só: também produziu acção, e muita) sobre o cu, escreveu um poema célebre que começa com o verso "Nunca te foram ao cu". Porém, o que em Botto é lamento nostálgico, em Viegas é esperança e projecto de futuro. Ambos os poetas idealizam um cu, mas Botto lastima que o proprietário do cu que contempla nunca nele tenha tomado, ao passo que Viegas oferece ao titular do cu que imagina um incentivo a que lá tome.
É curioso constatar que há mais poesia no cu de Viegas do que no cu de Botto. O cu em que Viegas manda tomar é um cu simbólico. Trata-se de um cu que é metonímia de outro cu. Viegas não ignora que, acima do cu do fiscal das facturas há outros cus, bastante mais poderosos - e, acima desses, outros cus ainda. Essa hierarquia de cus culmina num cu-mor, responsável último pela ideia da fiscalização de facturas. É esse o cu a que Viegas deseja aplicar a receita que prescreveu. O antigo secretário de Estado está, portanto, a mandar tomar no cu por interposto cu. É um cu labiríntico, aquele que nos é apresentado neste jogo de espelhos de cus.»
 
by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão (21.fev.2013)

Import/Export # 154: Um governo relvado

 
«A humilhação de Miguel relvas [ante]ontem no estrado de uma universidade não é um epifenómeno gerado por um bando de arruaceiros intolerantes. É uma vingança popular e populista depois da provocação continuada que foi manter o ministro em funções após o escândalo da sua licenciatura de favor. Mais preocupado em dar o exemplo da sua irredutibilidade do que em dar o exemplo da incomplacência com a manipulação do mérito, Pedro Passos Coelho é o responsável por isto. Foi a austeridade que esventrou os governados, mas foi a soberba que apartou os governantes.
O governo não mudou, o país sim.»

by Pedro Santos Guerreiro in Jornal de Negócios

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Import/Export # 153: O triunfo dos porcos

 
«Para o governo, a cidadania e a liberdade não passam de um conto de fadas, contado à lareira, nas noites de Inverno, por uns “velhos do Restelo” e os cidadãos deste país não são mais do que uma tropa fandanga que, se ninguém lhes der com um chicote no lombo, nunca mais aprendem que o seu destino é a pobreza e o respeito pela ordem estabelecida. E por ser assim, agindo em conformidade com estes “padrões”, a que este governo nos habituou (outros governos anteriores não estão liminarmente isentos de culpas), o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, ensaiou uma acção de medo e terror sobre os portugueses. Enviou há dias para a comunicação social uma nota, na qual “informava” que “ a inspecção tributária, em 2013, já instaurou este ano diversos processos de contra-ordenação a consumidores finais por incumprimento da obrigação da exigência de factura”. O objectivo, independentemente da ilegalidade da acção ou da veracidade da “informação” divulgada pelo governo, é óbvio: pretender fazer de cada cidadão, um “bufo” – um agente à força da ditadura fiscal, através do medo. (...) É uma pérfida demonstração de uma concepção totalitária do Estado.»
 
by Tomás Vasques in jornal i

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A frase da semana # 105

 
"O espectáculo indecoroso de banqueiros de proveniências diversas a usufruírem de indemnizações e reformas obscenas, enquanto os bancos falidos são recapitalizados pelo contribuintes, gera um sentimento de insuportável injustiça."
 
by Rui Pereira (ex-ministro da Adm. Interna)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Import/Export # 152: Fiscais anais

 
"Queria apenas avisar que, se por acaso, algum senhor da Autoridade Tributária e Aduaneira tentar fiscalizar-me à saída de uma loja, um café, um restaurante ou um bordel (quando forem legalizados) com o simpático objectivo de ver se eu pedi factura das despesas realizadas, lhe responderei que, com pena minha pela evidente má criação, terei de lhe pedir para ir tomar no cu, ou, em alternativa, que peça a minha detenção por desobediência. (...)
Ele, pobre funcionário, não tem culpa nenhuma; mas se a Autoridade Tributária e Aduaneira quiser cruzar informações sobre a vida dos cidadãos, primeiro que verifique se a Comissão Nacional de Protecção de Dados já deu o aval, depois que pague pela informação a quem quiser dá-la."
 
by Francisco José Viegas

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Import/Export # 151: CVs e assim

 
"Pessoalmente, começo a ficar farto destas pequenas polémicas acerca de currículos. Qualquer coisa transtorna a opinião pública [portuguesa]. Há meses, houve barulho porque Artur Baptista da Silva acrescentou umas coisas ao seu currículo. Agora, há barulho porque Franquelim Alves retirou umas coisas ao dele."
 
by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão (07.fev.2013)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Import/Export # 150: Relvas, esse poliglota de vão de escada

 
«Os cortes no Estado social não são uma necessidade de poupança, são uma estratégia de futuro. [Miguel] Relvas deseja que o Governo faça cortes na educação porque ele próprio cortou na sua e venceu. Conhece, por experiência própria, as vantagens de desinvestir na educação. É um exemplo de sucesso de deformação profissional. Como cidadões temos muito a aprender com ele. Ou a desaprender, já não sei.
Soares fala mal francês, Sócrates falava mal o inglês e o espanhol, e Relvas fala mal português. Quase todos os políticos que nos governam hoje falam mal português, aliás. Veja-se o caso de Angela Merkel. Saberá dizer duas, três palavras no máximo. Os nossos dirigentes sempre tiveram um problema com as línguas. E, tendo em conta o estado em que o País se encontra, também não parecem ser melhores nos números. Talvez tenham sido daqueles alunos que só eram bons em educação física.»
 
by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão (31.jan.2013)

A frase da semana # 104

 
"Não será o toque mágico dos mercados que nos salvará da realidade. [Sobretudo se nos lembrarmos] que a dívida portuguesa superou os 120% do PIB, que o descontrolo orçamental tenderá a explodir dentro de meses ou que o aumento do desemprego e a espiral recessiva se mantêm."
 
by Vicente Jorge Silva