quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Haverá constância nas cadilhadas do dia-a-dia?!


Eh pah, nem sei bem como pôr isto, mas a verdade é que estou fartinho dos Cadilhes, dos Constâncios, dos Teixeiras Pintos, dos Jardins Gonçalves, dos Espíritos Santos (que não a bonita festa de homenagem aos santos cristãos que se realiza nos Olivais, em Coimbra, por alturas de Maio) e outros que tais. Eu, como a maior parte dos que não herdaram um sobrenome composto e/ou pomposo, tive que viver a minha vida sob o estigma do lugar comum de que cada sociedade tem os políticos que merece. Tudo bem, esta até dou de barato. Mas e quanto aos gestores de topo, administradores dos grandes grupos económicos e, assim com’assim, os grandes accionistas de empresas cotadas no psi-20? Será que no pacote dos políticos também merecemos estes projectos de gente, tal qual edição de fim-de-semana do expresso e mais o seu sem número de anexos?! Não quero crer que assim seja… Não obstante a minha relutância, estas aventesmas despontam dos seus opulentos casulos para gritarem “olhai, boa gente, que o vosso rei vai nu”, quando, e depois de o haverem aconselhado na escolha da indumentária, o povo o estar já a agasalhar. Mas sempre assim foi. A história portuguesa está repleta de episódios em que estes profetas da desgraça consumada se insurgem – invariavelmente fora de tempo – a reivindicarem um caminho contrário àquele por eles gizado anteriormente. Já aquando da crise sucessória de 1383-1385 os ricos administradores dos grandes grupos económicos e pastores evangélicos de então (anteriormente designados por nobreza e clero) apontavam um caminho (então a unificação com Castela) e, após a contundente vitória na batalha de Aljubarrota (com a célebre táctica do quadrado – a mesma e única que o Paulo Bento conhece, ainda que na sua variante mais espichada, volvidos que estão mais de seis séculos), não hesitavam em apontar como trilho único a independência do reino, para que Portugal não caísse no jugo da subserviência a Castela. Hodiernamente, os novos nobres descobrem-se quando a água inundou já o porão, para então (ensaiarem) guiar o frívolo povo no caminho duma insondável ética de chibanço e achincalhanço na praça pública para que os seus valores (não morais, antes pecuniários) se não dissipem, porque aos novos nobres nada mais importa que não o próprio umbigo e o dia de amanhã… de preferência servido com um pequeno almoço com 4 tipos de sumos naturais e um pão-de-ló sempre fresquinho.

Nota final, com o furto duma pequena, porém refulgente, frase que li algures n’O Mal está feito, a propósito de mais um roubo num banco português: «Eu li que o Miguel Cadilhe vai sair do BPN com 10 milhões de Euros. Vamos ver… vamos ver o que é que os snipers decidem. Eles é que sabem se têm bom ângulo para disparar ou não».

2 comentários:

Anónimo disse...

escreves mt bem e o texto está mt bem redigido e acutilante. parabéns.

Quico disse...

Onde é que andam esse snipers???