terça-feira, 29 de setembro de 2009

As capas mais medonhas da história da música # 1

A língua castelhana e nuestros hermanos (ou a sua degenerada descendência espalhada pelo mundo fora) são o ponto de partida desta novíssima rubrica que procura, assim ao jeito descoberto no blog do multifacetado artista luso que responde ao nome de Artur Gonçalves (in http://artur-goncalves.blogspot.com/ - como bem publicitou o bandido Dark Helmet aqui há uns tempos), se bem que não com a mesma mestria, devo confessar, analisar e/ou escalpelizar os porquês por trás de cada uma das obras plástico-musicais apresentadas.


(1) Tino - Por primera vez
Aqui damos de cara com a (tentativa de demonstração de) sensualidade de um jovem rabeta (a avaliar pela pose feminina apresentada, propositadamente ousada para a época e na qual não se coibe de se tocar, mormente na zona da baselga, e pelos calções de ganga curtinhos que enverga despudoradamente, não obstante a não casual utilização de um anel no dedo anelar da mão esquerda), betinho (conforme sugerem a utilização do denominado cabelinho à fosga-se e pólo lacoste, e que mais ajudam a romper com os tradicionais cânones) e parolo (com o pandan do vestiário a fazer-se através do recurso à tradicional e provinciana meia branca de desporto) que parece querer afirmar-se subtilmente enquanto rabicho, ao mesmo tempo que parece demonstrar a sua disponibilidade para uma primeira vez a levar onde levam as galinhas.



(2) "Cristo Salinas" con Los Dinamicos
Nesta bonita e recheada apresentação plástica, o cantor Cristo Salinas congrega, numa amálgama de referências simbólicas, elementos tão díspares e inconciliáveis como a jukebox Americana II e o símbolo da paz em fundo panisgueiro (que é como quem diz, em fundo de arco-íris) numa época marcada pelas guerras que teimavam em persistir no início dos anos 70 (com os EUA como principal actor), apresentando-se como um salvador (não só pelo nome artístico escolhido, como também pela pose altiva com que se alheia da fotografia, com o fito no horizonte), ao mesmo tempo que parece fazer um inadvertido culto da sua própria personalidade (a avaliar pela fotografia do mesmo em cima da jukebox onde, aleatoriamente, se apoia).


(3) Los Galantes
Nesta pitoresca apresentação plástica, o nome da banda parece, numa primeira observação, ajustar-se ao propósito do galanteio, sendo, no entanto, que um olhar mais atento permite perceber a submissão (e propensão poligâmica) ao desígnio do feminino, que se infere pela sensualidade da figura prostrada numa espreguiçadeira enquanto as suas fantasias e caprichos são cumpridas pelos donairosos machos que a circundam numa total abnegação da individualidade e natural vocação masculinas.


(4) Roberto y su Nuevo Montuno
Roberto, esse projecto de don juan cubano, surge ladeado pelo seu bando (a acreditar no ar belicoso com que parecem investir para a fotografia, sem indumentária no tronco e fazendo-se acompanhar, apenas, por instrumentos de percussão e sopro), que se apresenta pretensamente aborrecido pela impensada traição do fotógrafo que os capta no preciso momento em que regressam da colectiva e orquestrada abafadela à palha, feita ali mesmo nas barrentas margens do rio Saramaguacán.

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