terça-feira, 28 de outubro de 2014

A frase da semana # 199

"Quando li a decisão da juíza do Supremo Tribunal Administrativo [que concluiu que o sexo não é tão importante depois dos 50 como é aos 20 ou aos 30], e tendo presente que a senhora juíza tem 54 anos, fiquei sem perceber se se tratava de uma sentença ou de um desabafo...!!"

by Pedro Mexia in Governo Sombra (TSF)

Import/Export # 178: A preguicite do PM

«Este fim-de-semana, o primeiro-ministro chamou-me “preguiçoso” e “patético”. Parece que eu, e outros como eu, comentadores e jornalistas que se dizem “independentes”, andámos por aí a proferir “inverdades como punhos” (...). [E] a terrível “inverdade” de que somos acusados é esta: dizer que a despesa pública não caiu desde 2011 e que todos os sacrifícios foram inúteis.
(...) “Todos os comentadores e jornalistas podem olhar para os números e saber o que eles dizem”, afirmou o primeiro-ministro. Pois podem – e é esse exercício que proponho que façamos aqui hoje, para não sermos acusados de calacice e bandarreio.

despesa pública diminuiu entre 2011 e 2014? Diminuiu. Contudo, convém ver de que tipo de despesa estamos a falar. Segundo os números da Ameco, já com extrapolação (possivelmente generosa) para o ano em curso, essa redução é de cerca de 4,8 mil milhões de euros (de 84,4 mil milhões, em 2011, para 79,6 mil milhões, em 2014), o que, em percentagem do PIB, dá 2,2 pontos percentuais. Mas a que se deve a parte de leão desse corte? Reorganização de serviços? Redução de funcionários? Dieta de custos intermédios? Não: corresponde a uma diminuição gigantesca no investimento público, que passou de 6,8 mil milhões em 2011 (4% do PIB) para 3,5 mil milhões em 2014 (2,1% do PIB). Ou seja, se aos 2,2 pontos percentuais de cortes na despesa retirarmos estes 1,9 de investimento, sobra-nos uns magríssimos 0,3 pontos percentuais de corte efectivo de despesa na estrutura do Estado. 

Ora, se o ajustamento pelo lado da despesa foi feito praticamente à custa da diminuição do investimento, o que isso significa é que nada de realmente estruturante mudou quanto ao peso do Estado na economia nacional. (...) 

O problema da “inverdade” de Passos Coelho é que não há contradição nenhuma entre a despesa cair e o sacrifício de essa queda poder ser, em boa parte, inútil – tal como uma dieta pode, em vez de abater barriga, cortar na massa muscular. Perde-se peso? Sim. Mas no sítio errado. É por isso que Pedro Passos Coelho está neste momento a apanhar pancada de todos os lados. Um keynesiano lamenta os cortes no investimento. Um liberal lamenta que só tenha havido cortes no investimento. Tanto um como o outro acabam, inevitavelmente, por fazer um péssimo balanço destes três anos de austeridade. O primeiro-ministro não será patético, e muito menos preguiçoso, mas é líder de um governo que foi incapaz de fazer aquilo de que o país mais necessitava. E esta verdade vai acertar-lhe como um punho nas eleições de 2015.»

by João Miguel Tavares in jornal Público

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Import/Export # 177: True meaning of friendship

«Os amigos nunca são para as ocasiões. São para sempre. A ideia utilitária da amizade, como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo. A amizade é puro prazer. Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas. Pede-se, dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.

A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando.

Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornámos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter. A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade.»

by Miguel Esteves Cardoso in 'Explicações de Português'

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A frase da semana # 198

"Um presente envenenado para o próximo executivo, o Orçamento de Estado para 2015 e a proposta de alteração do IRS são peças de ilusionismo eleitoral e adiamento dos problemas."

by Helena Garrido in Jornal de Negócios

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A frase da semana # 197

«O truque é tirar agora e prometer que "depois" se vai deixar de tirar [ou devolver mesmo]. Este Governo é useiro neste tipo de tira no presente para depois dar no futuro, só que o futuro nunca vem.»

by José Pacheco Pereira in revista Sábado

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A frase da semana # 196

"Há quem ofereça o corpo à ciência. Neste momento, os professores podem oferecer o corpo à educação, na medida em que as suas vidas parecem um daqueles problemas matemáticos: «o professor A é do Algarve e vai dar aulas para Trás-os-Montes. O professor B é de Lisboa e vai dar aulas para Braga. Após consultarem a Internet, descobrem no mesmo dia que foram colocados por engano. Sabendo que ambos tomam o comboio das 8h20, qual chega primeiro ao centro de emprego?»."

by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão (09.10.2014)

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A frase da semana # 195

"Eça de Queiroz dizia que o brasileiro é o português dilatado pelo calor. Os problemas do Brasil são os mesmos de Portugal inchados pelo calor."

by João Pereira Coutinho in revista Veja

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Import/Export # 176: Tecno(de)forma

«[A Tecnoforma] obteve financiamento no valor de 1,2 milhões de euros com o objectivo de formar cerca de 500 técnicos municipais para trabalharem em sete pistas de aviação e dois heliportos que têm hoje, no total, sete funcionários. O projecto falhou e a Tecnoforma terá acabado por receber apenas 311 mil euros para formar 122 pessoas. Creio que o problema poderia ter sido resolvido com facilidade acrescentando à formação a formação de formadores. A formação é extremamente importante. Nessa medida, é fundamental garantir que os formadores estão aptos a ministrá-la correctamente. Como? Através da formação de formadores. Neste ponto coloca-se um problema: como garantir que os formadores de formadores recebem formação de qualidade? A resposta è evidente: através da formação de formadores de formadores. E assim sucessivamente, numa espécie de mise en abyme formativo. Esta matrioska educacional permitiria não só esgotar o subsídio europeu de 1,2 milhões de euros como também candidatar a empresa a novos subsídios, na medida em que a formação de formadores, por ser mais especializada, é mais cara do que a mera formação.»

by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão (02/10/2014)

quarta-feira, 1 de outubro de 2014