quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Import/Export # 30: O estranho caso de Angel Di Maria



"Ao Di Maria alguns meus amigos chamam Di Magia. Durante meses discordei deles, mas com o acumular de situações em que consecutivamente decide mal, ou é magia ou bruxaria, burrice só não chega.
Observem bem o seu modo de actuação: quando embalado e com tudo para cruzar, saca uma mudança de direcção à Roberto Carlos; quando é isso que deve fazer, corre para a linha de fundo e fica rodeado por seis pernas; quando duas delas são do Pedro Silva, consegue entrar na área e, deslumbrado com a concretização de um objectivo que nunca tinha sido definido, absorve-o uma angústia que não consegue suportar e que o faz, imediatamente, liberta-se da bola — significando este libertar o simples chuto na bola em direcção aleatória, como uma menina quando joga com os rapazes.
Di Maria não tem uma ideia, nem nunca teve, do que seja um jogo de equipa, quanto mais de um jogo de futebol. Sabe vagamente brincar com uma bola (há quem lhe chame técnica) e sabe correr. É o único jogador de futebol do mundo que quando erra não se pode comentar que um pequeno grão de areia estragou toda a engrenagem do seu pensamento; ele não tem uma filosofia de jogo, mas um tubo de escape para fugir dos problemas.
Um meu amigo acha que Di Maria está iludido porque já o tratam como uma estrela. Como está errado. Iludidos estavam os Austríacos e os Russos antes de Austerlitz; Di Maria é uma espécie particularmente refinada de Dom Casmurro: é certo que não tem a menor consciência disso, mas não é a mulher que o trai, é ele que trai a mulher.
Leva-o Manchester City, leva este Zeno inconsciente pelos milhões que anunciam e sempre ficarás no meu coração. Amamo-lo durante mais de quinze meses, fiquemos com os onze contos de réis."

in http://shakirakurosawa.wordpress.com/2009/11/29/ja-deixei-de-tomar-cafe/

1 comentário:

Averell Dalton disse...

Levem-no por favor!!! Senão daqui a 2 anos queremos trocá-lo por um canto!