segunda-feira, 9 de março de 2009

Import/Export # 14: ZDQ in A Bola - A impunidade tripeira



Zé Diogo Quintela (lagarto) na 1ª pessoa na rubrica "A minha fé" (in A Bola):
"Numa entrevista dada há dois anos ao Record, o Rui Jorge, quando lhe perguntaram sobre as diferenças de tratamento dos árbitros a jogadores do Porto e do Sporting, disse: «Joguei seis anos no FC Porto, sete no Sporting e é uma questão de ver quantas vezes fui expulso num lado e noutro. Pergunto: será que mudei tanto a minha atitude e personalidade desde que fui para Alvalade? Eu tenho a certeza de que fui sempre igual.»

Eu também tenho a certeza de que o Rui Jorge foi sempre igual: bom jogador e refilão. Só que, enquanto no Porto lhe era permitido gritar, esbracejar, afirmar que conhecia a actividade profissional da mãe do bandeirinha, correr atrás do José Pratas (saudades para Zé Pratas!) ou dar umas peitadas valentes num árbitro ensanduichado contra o Fernando Couto, no Sporting este tipo de comportamento era-lhe vedado.

O mesmo se passa com o Derlei, o Postiga, mesmo o Tonel. Ou, no Benfica, passou com o Zahovic. Jogadores que trouxeram a maneira arruaceira de ser do Porto, que não é permitida em mais lado nenhum. O que lá é «vontade de ganhar», cá dá direito a expulsão «por palavras», os eufemismo que os comentadores usam.Porque, para o Porto, há impunidade.

Como vimos no fim-de-semana passado, Rodriguez agrediu o Caneira, o árbitro viu, mas só lhe mostrou o amarelo. É natural, teve medo. João Ferreira pode ter estado no Líbano, mas comparado com o famigerado túnel das Antas, Beirute é para meninos. O Médio Oriente é perigoso, mas não tem observadores que lhe podem estragar a nota se prejudicar o Porto. E é mais seguro interpelar um muçulmano com um suspeito cinto de bombas do que expulsar o Lucho por ter tentado decidir pelo Derlei que o Ninja devia acabar a carreira durante a 1.ª parte do Porto-Sporting. É mais seguro fazer vista grossa. (Já agora, quem compara a pisadela do Derlei ao Cissoko com a do Lucho ao Derlei, não sabe ver bola. Literalmente: num caso, ela está em disputa, no outro nem aparece na imagem. Entretanto, o médico do Porto vem dizer que os jogadores do Porto se lesionam mais no campeonato português do que na UEFA, porque a Liga não os protege, permitindo que certo tipo de atitudes se repitam. Estou de acordo. É mais do que tempo de castigar exemplarmente as narigadas que os avançados dão nos cotovelos do Bruno Alves. Qualquer dia o rapaz apanha uma infecção de tanto ranho que acumula nos antebraços).

Comecei a perceber que o Porto era impune durante os anos 90, quando via que aos jogadores do Porto tudo era permitido. Na única vez que acompanhei o Sporting às Antas, em 94, vi 3-jogadores-3 serem expulsos (brincadeira repetida em 2002, quando Paulo Bento foi expulso por dizer a Martins dos Santos que uma falta a ele assinalada era «uma vergonha», o que não está correcto, é verdade, mas que dito por um jogador do Porto até seria um elogio). No fim, à saída do estádio, levei um calduço e roubaram-me o cachecol. Não ia com a claque, ia só com um amigo. Tínhamos 17 anos. Outros sportinguistas não tiveram tanta sorte, levaram mesmo porrada. Isto, em frente à polícia. Dentro do estádio, um levou uma facada.

O mais engraçado é que tínhamos perdido 2-0: não era raiva pela derrota, era raiva pela vitória. E, para juntar insulto à injúria, um dos golos foi do Vinha! Aí, percebi que era tudo normal (menos os golos do Vinha). Ser roubado nas Antas era normal. A dualidade de critérios era normal. Era normal os jogadores pressionarem fisicamente os árbitros ou cortarem contra-ataques com faltas violentas sem serem punidos.

E continua a ser normal o Bruno Alves ser violento sem que lhe aconteça nada. E é normal pagarem uma viagem ao Brasil a um árbitro, sem que lhes aconteça nada. E continua a ser normal o presidente receber o árbitro que vai apitar o próximo jogo do Porto, para lhe dar um envelope. Porque o Porto passa sempre impune. Quando não passa, tiram-lhe seis pontos num campeonato em que têm 20 de avanço e não lhe faz diferença. Ou seja, quando se reconhece que não é normal, a maneira como são castigados é mais um enxovalho ao resto dos clubes. O que acaba por ser normal. Se os seis pontos tivessem sido tirados no início deste campeonato tinha sido diferente. Mas não era normal."

3 comentários:

Quico disse...

Quase chorei com a historia das Antas.

Por acaso, da para ver que na Luz é só anjinhos... depois de terem morto um adepto com um foguete. Se leres o MST ficas a entender que o Benfica e o Sporting sao os mais beneficiados do campeonato ha 50 anos. Cada um diz o que lhe apetece e quem quer toma-o como verdade.

Já agora... o Rui Jorge é um belo paneleiro e foi o único jogador a dizer tal coisa em dzenas de jogadores que transitaram entre os dois clubes. O Vinha era um "especialista a marcar golos aos grandes"... tinha um bigode ridículo, verdade. Mas isso ainda mais irritava os pseudo-grandes.

A verdade é que os arbitros da UEFA nao sao os mesmos de PT e os resultados sao o que se vê. Venha lá o Rui Jorge justificar a vergonha 5-0 com o BM. Foi a direcao do FCP que meteu os 5 la dentro tambem.

O Bruno Alves (curiosamente um dos melhores centrais europeus) esta cheio de ranho dos cotovelos... mas ha malta com eles limpos mas cheinhos de dor.

Beijos.

Cactus Jack disse...

Não mates o mensageiro, Quico! - não obstante, concordo com o ZDQ que o túnel das Antas (e do Dragão agora, que é a mesma merda) põe Beirute, Telaviv e a Faixa de Gaza num cantinho...!

Quico disse...

Foi um bom ressaibianço é verdade. Acordei meio virado. :)

Boas vibracoes para todos!!!