segunda-feira, 3 de março de 2008

E se alguém te interrompe, isso é...

Estupidez!
A maior parte das vezes é, sem dúvida alguma, estupidez! E digo isto meus caros com um esgar de dor que atravessa todo o meu corpo de cada vez que me lembro de algumas situações em que o meu iter criminal foi suspendido, ou mesmo interrompido (para quem não está a par da diferença, a interrupção implica voltar ao princípio ao passo que a suspensão permite a continuação!), de modo tão vil que deixou uma marca no meu cérebro que em tudo se assemelha àquela deixada por um vulgar instrumento de tortura que serve para marcar o gado!
Agora que já enquadrei isto num dos tópicos deste blog – o gado, claro está! – deixem-me discorrer para aqui sobre este tema meio aparvalhado...
Ser interrompido é, por ventura, uma das coisas mais chatinhas e incómodas, quiçá peçonhentas, que existem!
Não obstante a capacidade de alguns de fazer 40 mil coisas ao mesmo tempo, tenho para mim que todas as actividades, hábitos, costumes, gestos ou outras formas de ocupar o tempo carecem de uma certa concentração e uma dedicação quase exclusiva (sim, sou mono-tarefa, e então?) - é um processo mental que resulta na execução perfeita, na apreensão total, no aproveitamento absoluto, no prazer etéreo!
Estar a meditar no trono e ser interrompido pode causar um constrangimento físico tal que só a ideia me arrepia; a pipoca no cinema quebra a concentração de tal maneira que até parece que se começa a ver o filme outra vez de cada vez que aquele som de pisar folhas secas abranda; o abrir de porta súbito pode, inclusivamente, causar sérias lesões em sítios apenas destinados a duas tarefas (não é mono-tarefa mas quase!) sem as quais não é possível viver, pelo menos condignamente; o telefone que toca quando se está a delinear uma ideia genial já deu muitos lucros às companhias telefónicas (já tive o prazer de testemunhar uma cena em que um telemóvel vestiu a capa e depois lá descobriu que não é isso que faz o Super-Homem voar!)...
Mas, o que dizer da mulher que, em pleno acto, verbaliza uma questão tal que toda a situação se assemelha mais a uma discussão conjugal do que a uma interessante, animada e quente luta a dois!?
Quando reflecti sobre isto, a primeira coisa que me veio à cabeça foi uma anedota que resumidamente vou partilhar convosco e que reza assim:
Um tipo que trai regularmente a mulher não sabe como lhe contar. Aconselha-se com um amigo que lhe diz para aproveitar o calor da cama para revelar a ousadia à mulher. Ele assim faz!
No meio da
luta diz o homem, enquanto a mulher arfa apaixonadamente, “querida, tenho outra!”. Ela arregala os olhos e responde de um só fôlego “então mete-ma no ...!”
Parece-me um episódio que todos devemos reter e lembrar periodicamente... e fazer uma pausa enquanto pensamos nisto, assim ao estilo do Pensador de Rodin...

(pausa)

Ora, este exemplo é justamente a antítese daquilo que se passa em 99,9999% das vezes! A interrupção para introduzir um tema que não tem nada a ver não desagua em histórias risíveis ou dignas de ser partilhadas nem tão pouco em aventuras sexuais tresolucadas que apenas os amigos mais próximos, os menos próximos, os conhecidos, os bloguistas e o Mundo conhecerão!
Posto isto (e os óculos!), reporto-me a um episódio, talvez recente, de uma troca de calores, fluidos, e coisas que tais, que foi abruptamente interrompida por um comentário – eu bem vi que hoje te fartaste de olhar para aquela amiguinha... What the heck? Até posso ter olhado para outra mas é a ti que estou a brindar com tamanho voluntarismo!
Até parece que é crime passar os olhos pela nalga alheia, pelo seio alheio, pela boca alheia, e passar de passar os olhos para passar outra coisa... e já me estou a passar com tanta coisa a passar à minha frente (inserir gesto do cão que bate freneticamente com a pata no chão quando acariciado em sítios mais erógenos que, à laia do meu espírito criativo, vou baptizar de “patar”, já que é a pata que executa o gesto e, como é um verbo, tem de acabar em “r”, assim meio inspirado por aquela ideia muito Gato Fedorento de chamar à sensação da meia enrugada dentro do sapato “feni”, que me parece um gesto quase tão criativo como chamar o Purovic de jogador de futebol ou o Paraty de árbitro – sim, estou ressabiado à conta de certas e determinadas situações em que me vejo manietado pela incompetência alheia e pela falta de ovos no cesto, já que alguns dos ovos que lá estão, para serem sequer merecedores desse título, deviam ser chamados de ovos podres, tão podres como aquele cheiro a lixo que exala de um corpo em decomposição ou mesmo de um ser vivo que acabou de apanhar uma bebedeira bem acamada por uma coisa a que chamam comida mas que é uma mistura de óleo com raspas de gordura e teflon que salta da frigideira por causa dos talheres de alumínio que os menos letrados nas artes da cozinha insistem um utilizar para virar os ovos ou as salsichas porque os utensílios de plástico são meio apanascados e homem que é homem só recorre a isso para... lá está o problema!).
Entre cães, bola, ovos, cozinha e teflon reside o problema maior de saber o que fazer perante a brusca interrupção... Em jeito de conclusão, ando a chamar-lhe interrupção por algum motivo. Comigo, volta tudo ao princípio!
PS: A propósito, eu pisto!


2 comentários:

Black Bart disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Black Bart disse...

A dissertação é deveras brilhante caro companheiro de pilhagens, roubos e furtos!! E a maneira astuta e habil como ironicamente e sob a forma de anedota inverteu a situação e de ir as lagrimas!!
Alias, devo adiantar que seria uma situação que acabaria sempre em lagrimas na possibilidade de se verem invertidos os papeis do interruptor e do interrompido.
Senão vejamos: se calha em ela estar tão absorvida no momento, o que será motivo de orgulho pelo que reflecte a vossa boa performance e os seus elevados padroes de qualidade, que não percebe bem o que lhe acabou de ser dito, e que "a outra" provavelmente não lhe caberia no ... a menos que devidamente processada num qualquer 123 da moulinex, e então temos lagrimas de alegria! Ou então a desgraçada da frigidazinha, que nunca se deu ao trabalho de se tocar e como tal se sente completamente desconfortavel quando um caridoso se decide a tenta-la levar a ver estrelas e lhe começa a galvanizar roupa e a desdobrar-se em esforços para lhe tentar espremar um bocadinho que seja de lubrificante natural para que a pele que lhe recobre o mineiro nao fique à entrada da gruta quando se dá a exploração, ouve correctamente o "eu tenho outra", ou "com a tua amiga célia isto ficava perfeito", ou ainda "isso...vai...rebola cristina rebola", quando na verdade ela se chama rosália, e vistam o capote porque vai chover...ou da choro ou, como diria o meu amigo Jaimito, porrada de 3 em pipa (neste ultimo caso o capote de nada vos vale). Tenho dito!