A propósito duma estéril discussão entre bandidos, uma de muitas, surgiu a problemática, a controvérsia, a querela, decididamente fracturante desta lusa sociedade de brandos costumes, que nos constringe e nos impede, por exemplo, de profanar túmulos, mormente aqueles com bélhas pejadas de oiro, mas também de brilhar, numa qualquer conversa de café, ou mesmo num palanque, quando é chegada a hora de fazer prova da riqueza vocabular amealhada, ao longo dos anos, por cada um de nós no que concerne ao órgão reprodutor feminino. E bem sei que todos concordarão comigo sobre a importância duma correcta graduação, chavascaló-brejeira, dos inúmeros sinónimos que o povo, a ciência e o meu vizinho Casimiro deram a conhecer a propósito do referido substantivo. Não alcanço, aliás, como pôde esta questão passar sem resposta à sacerdotisa tribo de Levi, a Galileu, nem tampouco como sobre ela se não debruçou o Padre Vitor Milícias, mais preocupados, vai-na-volta, com coisas menores como a fé dos homens, o universo e outras questiúnculas que não interessam nem a baby Jesus, e como pudemos nós, indivíduos amarrados a este cabresto mundo, chegar ao Ano do Senhor de dois mil zero e oito sem que esta questão e/ou graduação estivesse cumprida. Efectivamente, são por demais flagrantes as situações em que não sabemos, por incautos umas vezes, por previdentes outras, que substantivo comum utilizar na definição de tão precioso bem, nem tampouco quanto o mesmo bem se transmuta em adjectivo e, menos ainda, quando haverá possibilidade de o mesmo concordar, em perfeita simbiose, com o substantivo a que se refere. São demasiados os sinónimos de vagina que conhecemos: desde logo, a variante rural do termo medico-científico, balgina, mas que relampeja noutros mais ordinários como são os exemplos de ratedo, crica, snaita, besugo, pachacha, rata, berbigão, buceta (que em terras de Camões significa pequena caixa onde se guarda, entre outras cenas, rapé), xaninha, bussanga, carne mijada, cheirosa, perereca, gruta, vulva, testa rachada, tesourinho, greta, pastel de pêlo, piriquita, racha, xoxota, buraco, abafador de microfones, docinho da vovó, afia-lápis, almôndega cabeluda, asa de frango, azeda, bacalhau, bandida, bichinha, big mac, abre caricas, esfregão, garagem, iogurteira, mealheiro, passarinha, pito (rosado), xereca, terminando nos efeminados, ou infantis se preferirem, pipi e bibi. É muita fruta para uma cabeça que tem alinhadas, de cor e salteado, as ligas e as equipas portuguesas, inglesas, espanholas e italianas de futebol e, ainda, capaz de autorizadas larachas sobre as ligas e equipas francesas, alemãs e holandesas, nos seus dois principais escalões. E a sociedade que nos rodeia nem sempre vê com bons olhos alguns dos sinónimos aqui apresentados. Razões de sobra para lançar o repto à corja de bandidos aqui presentes, e ao apanascado leitor assim em geral, de se pronunciarem sobre a temática supra exposta, por forma a que, de futuro, ninguém seja ostracizado quando, em amena conversa com o sogro, soltar da expressão com “aquela defesa está mais escancarada que a iogurteira da tua filha, pah”, quando o mais correcto seria, porventura, afirmar que as carnes mijadas descendentes de V. Exa. estavam, aquando do primeiro contacto, para lá de bem passadas ou, ao menos, que o referido tesourinho... não estava assim tão bem escondido.
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