quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sabeis o que sois?! Sois dois Samários (Sm)!!



Tenho-me debatido com a dificuldade de insultar inusitadamente as pessoas que me rodeiam num misto de achincalhanço gratuito e inovação erudita – arte que sempre dominei e que, desde tenra idade, me permitiu granjear o reconhecimento e, acto contínuo, a sublevação dos meus impares. Todavia, nos dias que vinham correndo, vinha sentindo um particular embaraço em irromper com vitupérios que, pela literacia e folgança fonética, me facultassem acirrar os mais ou menos casuais alvos da minha ira e chalaçar par’dentro. Ora, eis senão quando, desgastado com a demanda e no preciso momento em que estava para atirar a toalha ao chão e deixar-me cair nos braços da vulgaridade do ‘és um cagalhão de merda coberto com urina de boi’ ou ‘deves ser filho da parva do Tovim’ (essa mítica região coimbrã) que vislumbro o inexplorado, o virginal, o desflorado poder da … [rufos, por favor] … Tabela Periódica!!!
Palavras (e/ou elementos da tabela periódica) como: Estrôncio (Sr); Zircónio (Zr); Crómio (Cr); Ítrio (Y); Frâncio (Fr) – que escrito assim até parece que se lê françioû, como que a referir-se aos habitantes da Frância; Lantânio (La); Tório (Th); Gadolínio (Gd) e Berquélio (Bk), entre outros, fazem as delícias daqueles que há muito esperavam por uma nova era de agravos e doestos.
E pergunta (para si próprio) o bravio leitor que jamais confessará a quem quer que seja (nem mesmo ao pároco da aldeia que o conhece – e bem! – desde os 6 anitos) que consulta este pasquim de malfeitorias e de exprobrações: ‘Mas qual o interesse em arremessar insultos que os nossos alvos não vão compreender?’
E eu, com o recurso ao popular Bruno Aleixo, replico: Ai ca’burro!!, então não se está mesmo a ver?! Não?! Então eu explico. Se o alvo da nossa ira, ainda que momentânea e/ou passageira e/ou focada nos caixas do supermercado sobre quem podemos descarregar o stress do nosso dia sem que possam espingardar, não alcançar a significância do insulto vai-se sentir duplamente insultado porque, por um lado, o que ouviu e o tom em que o ouviu assemelha-se a um insulto, por outro lado, o facto de não o compreender é, por si só, um insulto servido na forma quadrúpede, mais concretamente na espécie asinina, à sua capacidade intelectual.
Já me estou a imaginar, num futuro não muito distante – é só chegar à rua ou então cruzar-me com o Sr. Fernando que, volta e meia, deixa o lixo nas escadas assim só para me estorvar a passagem –, para pôr em marcha esta revolução, sendo que estou indeciso em lançar, num primeiro ataque, o desconcertante ‘o que tu merecias era um cabo de Hássio (Hs) pelo cu acima‘ ou o acutilante ‘andas armado em Tecnécio (Tc), meu Manganês (Mn) de trazer por casa?!’ Estou em pulgas…
Fim de texto.
Agora fora daqui para fora, seus Estrôncios (Sr) dum raio, seus Laurêncios (Lr) duma figa, ide para bem longe apanhar no centro do olho do Cúrio (Cm)!

4 comentários:

joão silva disse...

muito bom texto. onde é que te lembras de ir buscar estas coisas?

RR disse...

Gosto do estilo de escrita: confusa, intrincada e divertida. Muito bom mesmo.

Carapau disse...

K grande ideia! Tenho k começar a usar isto no escritório. Aliás, tenho k usar isto em todo o lado.

Anónimo disse...

:)))