«Devo a Ricardo Salgado ter-me ensinado há dois dias um bonito provérbio chinês, que eu desconhecia: “O leopardo quando morre deixa a sua pele. O homem quando morre deixa a sua reputação.” A sabedoria chinesa fica bem em qualquer lugar, mas, pelos vistos, Ricardo Salgado decidiu invocar uma máxima que não estava interessado em cumprir.
É que, no estrito campeonato reputacional, aquilo a que eu assisti na comissão de inquérito ao caso BES foi a um velho leopardo a fazer tudo por tudo para salvar a sua pele, mesmo que para isso tivesse – como teve – de assassinar a sua reputação enquanto gestor.
Ricardo Salgado só tinha dois caminhos possíveis para a sua defesa: ou admitir que era muito aldrabão, ou admitir que era muito incompetente. Compreensivelmente, optou pela incompetência.
Dizer que o BES não faliu mas que “foi forçado a desaparecer”, como afirmou Salgado insinuando misteriosas teorias da conspiração, é do domínio da mais despudorada desvergonha. Desvergonha essa que foi devidamente posta a nu nas arrasadoras audições de Pedro Queiroz Pereira e de José Maria Ricciardi. Há um provérbio africano – mais adequado do que o chinês, tendo em conta o papel do BESA em tudo isto –, entretanto já citado por Bruno Faria Lopes, que diz assim: “A chuva molha a pele do leopardo, mas não tira as suas manchas.” Salgado esteve dez horas a diluviar desculpas. Mas as manchas, essas, continuam todas lá.»
by João Miguel Tavares in jornal Público
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
A frase da semana # 206
"A corrupção começa num favor e acaba num crime."
by Guilherme d'Oliveira Martins, Presidente do Tribunal de Contas in Jornal de Negócios
by Guilherme d'Oliveira Martins, Presidente do Tribunal de Contas in Jornal de Negócios
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Import/Export # 181: Os Professores Doutores de Coimbra
«Em Março de 2009, quando Vital Moreira foi escolhido para encabeçar a lista do PS às eleições europeias, Almeida Santos justificou a excelência da escolha com uma frase que se tornou célebre: “Um professor doutor de Coimbra, meu Deus!” Dir-se-ia que um conhecimento mínimo da História de Portugal aconselharia certa prudência em relação aos “professores doutores de Coimbra, meu Deus”, mas a verdade é que eles continuam a atravessar-se no nosso caminho, desta vez a propósito do caso BES.
(...) O Banco de Portugal fez o favor de divulgar na Internet três pareceres de professores de Coimbra relacionados com a questão da retirada de idoneidade a administradores de instituições bancárias - [dois produzidos em Novembro de 2013 por Pedro Maia e João Calvão da Silva e outro, produzido em Julho de 2013, por José Carlos Vieira de Andrade]. (...)
Escreveu Vieira de Andrade: “Para indiciar a falta de idoneidade, a lei não se basta com a mera existência de vestígios (ainda que estes possam ser fortes, traduzidos, até, numa acusação ou numa pronúncia) da prática desses crimes, sendo exigida a condenação do sujeito.” Escreveu Pedro Maia, já sobre Salgado: “A transferência efectuada respeita a uma relação do foro pessoal e nada tem que ver com o desempenho de cargos sociais por parte de Ricardo Salgado”, não se vislumbrando “de que forma a aceitação de uma liberalidade” pudesse ter reflexos numa “gestão sã e prudente do banco”. Escreveu João Calvão de Silva: “Como a liberalidade foi conselho dado a título pessoal, não se vê por que razão censurar a sua aceitação.” Mais: “Os simples conselhos não responsabilizam quem os dá. É o bom princípio geral de uma sociedade que quer ser uma comunidade – comum unidade –, com espírito de entreajuda e solidariedade. De outro modo, ninguém estaria disponível para dar um conselho a quem quer que fosse.”
Desde a divulgação destes pareceres, ainda não dei por Calvão da Silva ter vindo a público justificar esta sua comovente visão de “entreajuda e solidariedade”, o que é uma pena, dado estarmos no Natal. Mas devo dizer que é preciso ter uma lata do tamanho do Pólo Norte para enviar uma carta de protesto ao Parlamento, como fez Pedro Maia, em nome “da verdade” e em defesa do “bom-nome profissional e académico”, alertando para a descontextualização do seu parecer, já que quando ele foi proferido ainda não eram conhecidos os desastres nas contas do BES. Está correcto, e admite-se o azar. Mas, ainda assim, há obras que não envelhecem – e tanto hoje como há um ano, estes trabalhos de Pedro Maia e Calvão da Silva são admiráveis exemplos de como é possível, em troca de um estipêndio que se imagina generoso, defuntear o senso comum e enterrar o seu cadáver debaixo de exuberantes pareceres jurídicos de professores doutores de Coimbra. Um grande “meu Deus!” para eles – de espanto e de indignação.»
by João Miguel Tavares in jornal Público
(...) O Banco de Portugal fez o favor de divulgar na Internet três pareceres de professores de Coimbra relacionados com a questão da retirada de idoneidade a administradores de instituições bancárias - [dois produzidos em Novembro de 2013 por Pedro Maia e João Calvão da Silva e outro, produzido em Julho de 2013, por José Carlos Vieira de Andrade]. (...)
Escreveu Vieira de Andrade: “Para indiciar a falta de idoneidade, a lei não se basta com a mera existência de vestígios (ainda que estes possam ser fortes, traduzidos, até, numa acusação ou numa pronúncia) da prática desses crimes, sendo exigida a condenação do sujeito.” Escreveu Pedro Maia, já sobre Salgado: “A transferência efectuada respeita a uma relação do foro pessoal e nada tem que ver com o desempenho de cargos sociais por parte de Ricardo Salgado”, não se vislumbrando “de que forma a aceitação de uma liberalidade” pudesse ter reflexos numa “gestão sã e prudente do banco”. Escreveu João Calvão de Silva: “Como a liberalidade foi conselho dado a título pessoal, não se vê por que razão censurar a sua aceitação.” Mais: “Os simples conselhos não responsabilizam quem os dá. É o bom princípio geral de uma sociedade que quer ser uma comunidade – comum unidade –, com espírito de entreajuda e solidariedade. De outro modo, ninguém estaria disponível para dar um conselho a quem quer que fosse.”
Desde a divulgação destes pareceres, ainda não dei por Calvão da Silva ter vindo a público justificar esta sua comovente visão de “entreajuda e solidariedade”, o que é uma pena, dado estarmos no Natal. Mas devo dizer que é preciso ter uma lata do tamanho do Pólo Norte para enviar uma carta de protesto ao Parlamento, como fez Pedro Maia, em nome “da verdade” e em defesa do “bom-nome profissional e académico”, alertando para a descontextualização do seu parecer, já que quando ele foi proferido ainda não eram conhecidos os desastres nas contas do BES. Está correcto, e admite-se o azar. Mas, ainda assim, há obras que não envelhecem – e tanto hoje como há um ano, estes trabalhos de Pedro Maia e Calvão da Silva são admiráveis exemplos de como é possível, em troca de um estipêndio que se imagina generoso, defuntear o senso comum e enterrar o seu cadáver debaixo de exuberantes pareceres jurídicos de professores doutores de Coimbra. Um grande “meu Deus!” para eles – de espanto e de indignação.»
by João Miguel Tavares in jornal Público
A frase da semana # 205
"Segunda-feira à noite, Miguel Sousa Tavares (MST), comentador da SIC, [acusou o Correio da Manhã] de "jornalismo de sarjeta" (...)
Com tantos conflitos de interesse, percebe-se a razão de MST já nem ser jornalista. As notícias são de água pura, que só correm para a sarjeta despois de lidas pelo comentador MST."
by Nota Editorial in Correio da Manhã (CM)
Com tantos conflitos de interesse, percebe-se a razão de MST já nem ser jornalista. As notícias são de água pura, que só correm para a sarjeta despois de lidas pelo comentador MST."
by Nota Editorial in Correio da Manhã (CM)
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
A frase da semana # 204
"A confirmar-se a acusação, José Sócrates tem 25 milhões de euros e no entanto vive da caridade dos amigos e viaja em económica. Afinal sempre há um português que vive abaixo das suas possibilidade. Um exemplo a seguir, portanto."
by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão
by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Novas palavras que sempre fizeram falta # 10
"Semelhandria: s. f. | O desconforto de ser confundido com uma pessoa menos atraente que nós."
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
A frase da semana # 203
"Num ranking de sanha persecutória, José Sócrates entra directo para o top 5 dos mais injustiçados da História. Neste momento, a tabela organiza-se assim: 5) Bruxas de Salém; 4) Capitão Dreyfus; 3) Galileu; 2) José Sócrates [nova entrada]; 1) Jesus Cristo. Apesar de uma detenção no Jardim de Getsémani ser menos maçadora do que na manga de desembarque de um voo TAP, e mesmo tendo em conta que, na verdade, Jesus estava mesmo a pedi-las, o Nazareno continua à frente porque a sua condenação injusta originou a maior religião do mundo. Mas José Sócrates ainda tem tempo."
by José Diogo Quintela in jornal Público
by José Diogo Quintela in jornal Público
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Import/Export # 180: A presumível CULPA de Sócrates
«Da mesma forma que os gatos têm sete vidas, eu acho excelente que um cidadão tenha sete presunções de inocência. O problema de José Sócrates, tal como o de um gato que falece, é que já as gastou. Sócrates foi presumível inocente na construção de casas na Guarda, foi presumível inocente na licenciatura da Independente, foi presumível inocente na Cova da Beira, foi presumível inocente no Freeport, foi presumível inocente na casa da Braamcamp, foi presumível inocente no assalto ao BCP, foi presumível inocente na tentativa de controlar a TVI, foi presumível inocente no pequeno-almoço pago a Luís Figo. Mal começou a ser escrutinado, a presunção de inocência tornou-se uma segunda pele.
Claro que José Sócrates continua presumível inocente aos olhos da justiça, e assim continuará até ao trânsito em julgado da sentença. Claro que a presunção de inocência é pedra angular de uma democracia decente e de qualquer sistema judicial digno. Mas eu não sou juiz, nem polícia. Sou um cidadão e um colunista. E, enquanto tal, tenho todo o direito – repito: todo o direito – de presumir (...) que Sócrates é culpado daquilo que o acusam.
(...) Quando vejo Miguel Sousa Tavares ou Clara Ferreira Alves mais entretidos a discutir fugas de informação e timings de detenção do que a possibilidade muito real de um ex-primeiro-ministro ser corrupto, eu sei que eles estão menos a defender Sócrates do que a defenderem-se a si próprios, e àquilo que andaram a escrever ao longo dos anos.
Ainda ontem, no DN, Ferreira Fernandes dizia o seguinte: “Em 2009, escrevi: ‘Prendam-no ou calem-se.’ A turba, com muita gana mas sem prova, chegou primeiro do que a opinião pública – e depois?” E depois, caro Ferreira Fernandes, é que ali entre 2007 e 2011 boa parte da opinião pública preferiu fechar os olhos ao elefante no meio da sala. Se não havia provas, havia infindáveis indícios – e boa parte da opinião pública preferiu engolir as teses surreais de Sócrates, mantendo-se impassível diante do sufoco evidente do poder judicial às mãos do poder político. Viram, ouviram e leram. Mas preferiram ignorar. É uma escolha, claro. Só que convém assumi-la, até para que ninguém a esqueça.»
by João Miguel Tavares in jornal Público
Claro que José Sócrates continua presumível inocente aos olhos da justiça, e assim continuará até ao trânsito em julgado da sentença. Claro que a presunção de inocência é pedra angular de uma democracia decente e de qualquer sistema judicial digno. Mas eu não sou juiz, nem polícia. Sou um cidadão e um colunista. E, enquanto tal, tenho todo o direito – repito: todo o direito – de presumir (...) que Sócrates é culpado daquilo que o acusam.
(...) Quando vejo Miguel Sousa Tavares ou Clara Ferreira Alves mais entretidos a discutir fugas de informação e timings de detenção do que a possibilidade muito real de um ex-primeiro-ministro ser corrupto, eu sei que eles estão menos a defender Sócrates do que a defenderem-se a si próprios, e àquilo que andaram a escrever ao longo dos anos.
Ainda ontem, no DN, Ferreira Fernandes dizia o seguinte: “Em 2009, escrevi: ‘Prendam-no ou calem-se.’ A turba, com muita gana mas sem prova, chegou primeiro do que a opinião pública – e depois?” E depois, caro Ferreira Fernandes, é que ali entre 2007 e 2011 boa parte da opinião pública preferiu fechar os olhos ao elefante no meio da sala. Se não havia provas, havia infindáveis indícios – e boa parte da opinião pública preferiu engolir as teses surreais de Sócrates, mantendo-se impassível diante do sufoco evidente do poder judicial às mãos do poder político. Viram, ouviram e leram. Mas preferiram ignorar. É uma escolha, claro. Só que convém assumi-la, até para que ninguém a esqueça.»
by João Miguel Tavares in jornal Público
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
A frase da semana # 202
"Disseram-me que a Bolívia tem um ministro da marinha e nem tem mar! Não vejo qual é o espanto, nós também temos uma ministra da justiça..."
by Adolfo Dias in Twitter
by Adolfo Dias in Twitter
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Novas palavras que sempre fizeram falta # 9
"Adofas: adj. | Palavras que, quando lidas de trás para a frente, parecem asneiras mas não são. Exemplo: ladrem, atupa, atar, aderem, fatiem."
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Import/Export # 179: O Socas não deu à soca
"Se calhar sou só eu e a malta cá no meu café, mas o caso grave não nos parece que seja um ex-primeiro-ministro ser detido (como “só aconteceu na Ucrânia e em Itália” plangem as vozinhas na televisão) mas sim ser possível dizer-se, em 2014 e num regime supostamente democrático que salvo por “crime de sangue em flagrante delito” não é aceitável deter um antigo primeiro-ministro.
Um antigo primeiro-ministro tratado com a mesma severidade com que o estado trataria qualquer outro suspeito, sem ligar às ondas de choque políticas que tal severidade possa causar, a mim e à malta lá no meu café, parece-nos uma coisa nova e moderna, de democracia do norte da Europa, de república a sério (e sem bananas), dum estado que vê no assumir do problema um caminho para a cura. Se calhar somos só nós, mas este pequeno sobressalto histórico, mais do que qualquer outra coisa nos últimos 30 anos, só nos consolidou a confiança nas instituições."
by Tiago Matos Silva in P3
Um antigo primeiro-ministro tratado com a mesma severidade com que o estado trataria qualquer outro suspeito, sem ligar às ondas de choque políticas que tal severidade possa causar, a mim e à malta lá no meu café, parece-nos uma coisa nova e moderna, de democracia do norte da Europa, de república a sério (e sem bananas), dum estado que vê no assumir do problema um caminho para a cura. Se calhar somos só nós, mas este pequeno sobressalto histórico, mais do que qualquer outra coisa nos últimos 30 anos, só nos consolidou a confiança nas instituições."
by Tiago Matos Silva in P3
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
A frase da semana # 201
"Já ouviu um discurso do primeiro-ministro? A quantidade de erros de português que ele dá... Como é que podemos ser governados por pessoas que nem sequer sabem falar português? Não posso com esta mediocridade, com este vazio de ideias, com esta mentira constante."
by António Lobo Antunes in revista Visão
by António Lobo Antunes in revista Visão
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Novas palavras que sempre fizeram falta # 8
"Totobolso: s. m. | Dinheiro que aparece de surpresa na algibeira de um casaco que não usamos há muito tempo."
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
Novas palavras que sempre fizeram falta # 7
"Euclipse: s. m. | Perda súbita de identidade associada à chegada de um(a) namorada nova / namorado novo."
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Novas palavras que sempre fizeram falta # 5
"Estatuar: v. | Ficar parado à porta de casa para não ter de fazer conversa com o vizinho que também está a sair."
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
Novas palavras que sempre fizeram falta # 4
"Sebastianar: v. | Levar para a frente uma má ideia, como re-aquecer pizza, cortar o próprio cabelo ou combater o exército do sultão Abd al-Malik em Alcácer-Quibir."
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
Novas palavras que sempre fizeram falta # 3
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
Novas palavras que sempre fizeram falta # 2
"Dinossábio: s. m. | Aquele que possui um conhecimento profundo sobre temas obsoletos, como saber de cor os números do teletexto ou a chave do totoloto da semana passada"
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
by Anónimo in "Novas palavras novas" (FB)
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Novas palavras que sempre fizeram falta # 1
"Postignação: s. m. | Condição do indivíduo que, perante várias opções de merda, se vê obrigado a escolher a menos merdosa"
by Anónimo in "Nova palavras novas" (FB)
by Anónimo in "Nova palavras novas" (FB)
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
A frase da semana # 200
"O Jesus quando olha para o banco fica com aquela cara de quem está no Jamaica e acendem as luzes..."
by Gordo in blog Gordo, vai à baliza
terça-feira, 28 de outubro de 2014
A frase da semana # 199
"Quando li a decisão da juíza do Supremo Tribunal Administrativo [que concluiu que o sexo não é tão importante depois dos 50 como é aos 20 ou aos 30], e tendo presente que a senhora juíza tem 54 anos, fiquei sem perceber se se tratava de uma sentença ou de um desabafo...!!"
by Pedro Mexia in Governo Sombra (TSF)
by Pedro Mexia in Governo Sombra (TSF)
Import/Export # 178: A preguicite do PM
(...) “Todos os comentadores e jornalistas podem olhar para os números e saber o que eles dizem”, afirmou o primeiro-ministro. Pois podem – e é esse exercício que proponho que façamos aqui hoje, para não sermos acusados de calacice e bandarreio.
A despesa pública diminuiu entre 2011 e 2014? Diminuiu. Contudo, convém ver de que tipo de despesa estamos a falar. Segundo os números da Ameco, já com extrapolação (possivelmente generosa) para o ano em curso, essa redução é de cerca de 4,8 mil milhões de euros (de 84,4 mil milhões, em 2011, para 79,6 mil milhões, em 2014), o que, em percentagem do PIB, dá 2,2 pontos percentuais. Mas a que se deve a parte de leão desse corte? Reorganização de serviços? Redução de funcionários? Dieta de custos intermédios? Não: corresponde a uma diminuição gigantesca no investimento público, que passou de 6,8 mil milhões em 2011 (4% do PIB) para 3,5 mil milhões em 2014 (2,1% do PIB). Ou seja, se aos 2,2 pontos percentuais de cortes na despesa retirarmos estes 1,9 de investimento, sobra-nos uns magríssimos 0,3 pontos percentuais de corte efectivo de despesa na estrutura do Estado.
Ora, se o ajustamento pelo lado da despesa foi feito praticamente à custa da diminuição do investimento, o que isso significa é que nada de realmente estruturante mudou quanto ao peso do Estado na economia nacional. (...)
O problema da “inverdade” de Passos Coelho é que não há contradição nenhuma entre a despesa cair e o sacrifício de essa queda poder ser, em boa parte, inútil – tal como uma dieta pode, em vez de abater barriga, cortar na massa muscular. Perde-se peso? Sim. Mas no sítio errado. É por isso que Pedro Passos Coelho está neste momento a apanhar pancada de todos os lados. Um keynesiano lamenta os cortes no investimento. Um liberal lamenta que só tenha havido cortes no investimento. Tanto um como o outro acabam, inevitavelmente, por fazer um péssimo balanço destes três anos de austeridade. O primeiro-ministro não será patético, e muito menos preguiçoso, mas é líder de um governo que foi incapaz de fazer aquilo de que o país mais necessitava. E esta verdade vai acertar-lhe como um punho nas eleições de 2015.»
by João Miguel Tavares in jornal Público
terça-feira, 21 de outubro de 2014
Import/Export # 177: True meaning of friendship
«Os amigos nunca são para as ocasiões. São para sempre. A ideia utilitária da amizade, como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo. A amizade é puro prazer. Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas. Pede-se, dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.
A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando.
Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornámos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter. A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade.»
by Miguel Esteves Cardoso in 'Explicações de Português'
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
A frase da semana # 198
by Helena Garrido in Jornal de Negócios
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
A frase da semana # 197
by José Pacheco Pereira in revista Sábado
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
A frase da semana # 196
by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão (09.10.2014)
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
A frase da semana # 195
by João Pereira Coutinho in revista Veja
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Import/Export # 176: Tecno(de)forma
by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão (02/10/2014)
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
A frase da semana # 194
by Ricardo Araújo Pereira in Governo Sombra (TSF)
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
A frase da semana # 193
by Ângelo Correia, militante do PSD e antigo patrão de Passos Coelho na Formentinvest
A frase da semana # 192
by Mariana Mortágua, deputada do BE
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
A frase da semana # 191
by Nuno Godinho de Matos, administrador não executivo do BES in jornal i
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
A frase da semana # 190
O Paulo Bento ainda não foi despedido??! Quem me dera ter patrões assim..."
by Gordo vai à baliza
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
A frase da semana # 189
by Jerry Seinfeld in Público
A frase da semana # 188
by Vasco Pulido Valente in Público
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
A frase da semana # 187
«Otávio a caminho do Porto. O ritmo de contratações do Lopetegui faz lembrar um adepto do Arouca que começou uma época com o Chelsea no FM.»
by Um azar do Kralj
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
A frase da semana # 186
by Eduardo Gageiro, fotógrafo do JN
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
A frase da semana # 185
Por outro lado, e como também é costume da comunicação social, só se fala das vidas que Ricardo Salgado arruinou. Não se diz uma palavra sobre as pessoas que beneficiou. A reputação de Alves dos Reis, por exemplo."
by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão (31/07/2014)
A frase da semana # 184
by Rui Reininho, vocalista dos GNR
A frase da semana # 183
by Fernando Ulrich, presidente do BPI
quinta-feira, 31 de julho de 2014
segunda-feira, 28 de julho de 2014
A frase da semana # 182
by Ricardo Araújo Pereira in Governo Sombra (TSF)
quinta-feira, 24 de julho de 2014
A frase (que vai servindo como uma luva) da semana # 181
by Mayer Amschel Rothschild (séc. XIX)
terça-feira, 22 de julho de 2014
A frase da semana # 180
by Por Falar Noutra Coisa
quinta-feira, 17 de julho de 2014
Import/Export # 175: Coleccionismo de bancos
[Mas] esta mega-numismática requer alguns cuidados. O cidadão que deseje continuar a comprar bancos fará melhor se tirar o seu dinheiro dos bancos. É mais fácil comprar os bancos a prestações, através dos impostos, do que investir as poupanças todas duma vez, ficando sem elas. O melhor método, e o mais seguro, parece ser o mais antigo: guardar o dinheiro no colchão. O meu colchão tem várias vantagens. A primeira é que sou eu quem lhe faz a supervisão, e tenho mais tempo para lhe dar atenção que o Banco de Portugal. Todos os dias verifico se o meu colchão abriu offshores nas ilhas Caimão, ou se perdeu milhões em Angola. Até agora, nada. Tem sido um bom colchão, não só a gerir os meus activos como a proporcionar suporte lombar - o que os bancos, aliás, sempre negligenciaram. A segunda vantagem é o rigor e a estabilidade que o colchão me proporciona. Todos os dias saem novas notícias sobre as desavenças e dívidas da família Espírito Santo. Mas a família Molaflex mantém o recato e a discrição própria dos grandes banqueiros de antigamente."
by Ricardo Araújo Pereira in revista Visão (17/07/2014)
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