sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Import/Export # 103: Passos Coelho, o Sargentão



"Começo a perceber agora que nas legislativas de 2011 os portugueses não elegeram um primeiro-ministro, elegeram um comandante do corpo de fuzileiros. O resultado foi este regime híbrido, uma espécie de democracia militar. Assim sendo, há dez milhões de recrutas que necessitam de formação e Pedro Passos Coelho berra-lhes aos ouvidos exactamente as mesmas palavras de incentivo que todos os soldados ouvem durante a recruta. A diferença é que o tratamento é mais bruto do que na tropa e as condições de vida são piores.
É difícil distinguir a linguagem política-militar da linguagem militar simples. Os recrutas, na tropa, ouvem que a boa vida que tinham antes acabou. Que quem acha que não aguenta deve sair. Que são preguiçosos. Que têm de fazer sacrifícios pela pátria. Que devem deixar de ser piegas. Os portugueses, na caserna, ouvem o mesmo. (...)
Passos Coelho está a fazer de nós homens. Na impossibilidade de nos aplicar, como castigo, séries de 20 flexões de braços, cobra impostos. Flectimos o braço na mesma, mas é para ir buscar a carteira ao bolso."

by Ricardo Araújo Pereira, in "Boca do Inferno", revista Visão (09.fev.2012)

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