terça-feira, 17 de agosto de 2010

Nunca mais é Setembro. Irra!



É que nunca mais é Setembro. Hoje já sei que não é. Amanhã já sei que não vai ser. E assim promete ser pelos próximos dias. Catorze, para ser mais exacto. E o drama não toma conta de mim apenas porque estou a trabalhar em Agosto (enquanto a maioria da cachopada com que me relaciono está de férias e há três semanas consecutivas que não despertam antes das notícias da bola nos telejornais do almoço), mas porque nada se passa neste triste mês. Quer dizer, nada a não ser o meu despertador grafonola a lembrar-me, num grasnar irritante, que é hora de atirar o esqueleto para baixo de água tépida e despertar pra jornada de labuta. Caralho.
Mas não me interpretem mal, menoscados leitores, eu gosto do verão. Aliás, eu gosto é do verão! A primavera é demasiado florida para o meu gosto e o outono é uma angustiante antecipação do inverno e do frio e das roupas largueironas que não nos permitem vislumbram se a fêmea que nos despe à distância vale o tiro ou não.
Mas em Setembro ainda é verão. E em Setembro as pessoas (a maioria, pelo menos) já estão todas a trabalhar - sim, eu quando estou miserável preciso de sentir a miséria a contaminar toda a gente. É egoísta, bem sei, mas ao menos é honesto. E o bom de Setembro é que neste mês há feiras de queijos e enchidos no Continente e assim. E eu adoro talhar as amostras que eles põem à disposição dos "pretensos" clientes. Sim, porque quando eu sei que é dia/semana de feira de queijos e enchidos vou almoçar ao Continente. Sempre. E de todas as vezes faço aquele ar de "connaisseur" que se demora porque deixa o palato trabalhar. De fato e gravata, para credibilizar a coisa. Sem vergonha, que o segredo é esse mesmo. É tomar conta da banca e saborear as iguarias disponibilizadas. É requisitar broa (porque com pão os intensificadores de sabor presentes nos queijos mitigam-se). É conversar com a senhora (é sempre uma senhora) e questioná-la - apesar de sabermos que ela pouco ou nada percebe do assunto - sobre as ervas aromáticas dum determinado queijo e/ou do tipo de carnes utilizadas na confecção daquele chouriço em particular. É encher o bandulho e pagar uma água à saída. Sim, uma água, que os bandidos já perceberam que se juntassem a feira dos queijos e enchidos com a feira do vinho eu tirava férias nessa altura e mudava-me para o Continente. Ou para o Jumbo ou para o Modelo, que nestas coisas eu sou um salta-pocinhas e quero é uma refeição grátis. Quero, mas não quero que se perceba.
E ainda faltam catorze dias...!

2 comentários:

Parolo da Paróquia disse...

Faço o mesmo, mas sem essa classe.

Gonçalo disse...

Aqui não se partilha o mesmo fado que o teu, aqui já estão as babes todas a trabalhar, o que pelo menos, ainda sendo verão, continuam todas descascadinhas, sendo sempre uma agradável visão para quem tem de rastejar até ao local de trabalho!
Feiras de enchidos, prefiro quando são elas a perguntar se podem provar do meu chouriço! A resposta sempre afirmativa é acompanhada por um piscar de olho, um sorriso no canto do lábio e o seguinte comentário: "o leite é por conta da casa!"