terça-feira, 28 de abril de 2009

Subprime sex


Numa época de crise económica à escala mundial, acalentada pelo escândalo financeiro propriamente denominado de subprime, tem vindo a ser veiculado por uma franja da sociedade mais esclarecida aquilo que vai, por ora, sendo denominado de subprime sex.
E pergunta o vil leitor que se diverte a espiolhar este inqualificável pasquim, ávido de informação com que possa galantear as fêmeas alvo da sua cobiça: “mas o que raio é o subprime sex?!” e eu, esclarecido interlocutor, retruco: “meus caros, subprime sex mais não é do que a vulgar caridade na noite”. Tcharaaaaaan!
E eis que, num ápice (alavancada por uma nova e pomposa nomenclatura), uma actividade que era levada a cabo por todos (ou quase!) os bandidos sob o manto da vergonha e da desculpabilização fácil alicerçada nos nefastos efeitos secundários do álcool, ganha força, notoriedade e logra alcançar o estatuto de pragmática interacção sócio-sexual entre os géneros masculino e feminino (numa lógica estritamente heterossexual, devo abonar).
Efectivamente, o subprime sex (ou caridadezinha, como é impropriamente designado pelos puritanos do amor tipo conto-de-fadas – não confundir com conto-de-fodas, em alusão aos que, pelo contrário, se dedicam a anotar, num caderninho quadriculado tipo A5 de 80 folhas, as galgas mandadas até um determinado momento temporal) resulta do facto de uma qualquer pessoa encontrar satisfação casual numa parceira cujo nível físico seja, ao menos à primeira vista, inferior ao seu próprio nível (sendo que o nível de cada um deverá resultar da rigorosa conjugação entre uma desinteressada auto-avaliação concomitantemente com uma análise do histórico recente).
Assim, empurrados pelo álcool ou por uma qualquer necessidade galopante e incontornável, os bandidos têm partilhado a sua riqueza (o corpo e, inevitavelmente, nabadas em regueifas alheias) com pessoas menos favorecidas (ou menos decorosas, se preferirem), assim perpetuando o espírito Robin Hood nos dias de hoje – mas sem a mariquice dos collants(!) – partilhando com as mais desfavorecidas as riquezas do pecado carnal que abunda por estas bandas. Deste modo, todos saem a ganhar – sendo que elas, coitaditas, sempre ganham mais um bocadinho –, mas é esse mesmo o espírito que deve nortear a nossa sociedade onde pugnam gritantes contrastes nas mais diversificadas áreas. Por tudo isto, o meu apelo à escória de bandidos que compõem este pasquim – e a todos os transgressores leitores que nos consultam – é que não se coíbam de sarapilhar senaitas de padrão de lindeza (teoricamente) inferior, pois que as surpresas estão aí mesmo ao virar da esquina.
Minha grei, se quereis mexer com o mercado, ide e criai o vosso próprio subprime!

1 comentário:

Anónimo disse...

fabuloso texto! o blog está cada vez melhor.