quinta-feira, 9 de abril de 2009

I just love shiny objects



Segundo o livro Le Poids des Apparences do sociólogo francês Jean-François Amadieu, que há mais de trinta anos estuda a influência e a interferência do aspecto físico das pessoas na sua vida social, o que parece tende a ser, ou seja, a nossa aparência determina as relações que estabelecemos com os outros (na família, na escola, no trabalho, nas amizades e até no amor). Ao que parece, a beleza é um capital que não se desvaloriza em épocas de crise financeira.



As arbitrariedades induzidas pela aparência começam em casa, continuam a sentir-se na escola e estão presentes em todos os palcos da vida. No infantário e na primária as crianças mais bonitas são favorecidas pelos professores que, geralmente, têm melhor opinião a seu respeito por comparação com alunos, chamemos-lhes, menos bonitos. Assim, uma coisa é certa: pais e professores responsabilizarão muito mais uma criança feia com maus resultados escolares do que uma criança bonita com idênticos resultados. Ao que parece, a beleza é injusta.



Mas não se pense que isto se fica pela fase escolar. Na hora da contratação profissional, entre candidatos em igualdade de circunstâncias, a vaga será preenchida pelo que tiver... melhor aparência. Segundo este francês que ora se cita, «a aparência é uma forma de comunicação que facilita a integração no seio de uma empresa». É que, no mundo das aparências - no mundo real - os belos são considerados mais inteligentes, ambiciosos, mais sensíveis, mais sociáveis, mais equilibrados e menos agressivos. Também por aí não é de estranhar que sejam mais reconhecidos e elogiados e que aufiram os melhores salários.


Com as mulheres a merda é igual. Diz aqui o francês que «as mulheres belas beneficiam de uma forte mobilidade social, sempre em sentido ascendente, que lhes permite, se assim o desejarem, alcançar uma posição social mais elevada que os seus pais». Em sentido contrário, esclarece este filho de gauleses que «estudos das ciências económicas verificaram que as mulheres com um aspecto físico desfavorável casam com homens com níveis de estudos inferiores à sua instrução escolar».



A aparência, enquanto capital e enquanto referência, transmitem-se de geração em geração, acredita este companheiro de armas de François Mitterrand. Assim, afirma que «como uma mercadoria, a aparência tem valor económico ou social». E conclui: «a aparência é um bem que se mantém e reforça por diferentes razões, nomeadamente a homogamia [tendência para escolher como cônjuge um indíviduo do mesmo grupo], o sucesso profissional dos indivíduos mais sedutores, a mobilidade ascendente das mulheres mais bonitas e, em sentido contrário, a relativa desclassificação das mulheres muito pouco atraentes. No fundo, a beleza é - como na letra dos GNR de Rui Reininho - tirana!

Sem comentários: