A "belenização" do SCP ou como Portugal vai passar a ter apenas (!) dois grandes

Já ouvi, por diversas vezes, aquela que será a mais pungente metamorfose da actualidade: aquilo a que os peritos futebolísticos tout court deste país (eu e mais 2 ou 3 lúcidos já referenciados pelas autoridades) convencionaram apelidar de "belenização" do Sporting Clube de Portugal.
Pois bem, a queda de mais este futuro ex-grande do futebol nacional teve o seu prólogo quando um tal de José Cintra, um campónio sedento de vontade de se auto-promover, deu à costa naquele clube de pretensos elitistas e viscondes wannabe e agudizou-se com o - futebolisticamente inatingível - fenómeno da coerência e do rigor orçamental (com o inexplicável e velado afastamento das pretensões de conquistas desportivas) protagonizado por José Holtreman Roquette, um fidalgo mourisco que percebia tanto de gestão dum clube e/ou SAD desportiva como eu percebo de filigrana.
Caramba, nem o Benfica quando não tinha dinheiro para mandar pintar o cimento do antigo estádio da Luz - uma época imortalizada por métodos financeiros inovadores, como a célebre Operação Coração - nunca se lembrou de dizer que não lutava pelo título, ainda que no plantel pontificassem nomes como Nelo, Tavares, Okonowo, Michael Thomas ou Martin Pringle. Os adeptos alimentam-se destas (vãs) ilusões e, como as mulheres, gostam de ser enganados!
Ora, as 4 negas (!) - sim, foram 4: Villas Boas (treinador do último classificado da 1ª Liga), José Pekerman (desempregado), Jorge Costa (treinador do antepenúltimo classificado da 1ª Liga) e Luís Aragonés (desempregado) - deveriam ter funcionado como um alerta para este fenómeno de "belenização" que vai puxando, qual âncora, o SCP para o fundo da tabela.
Mas não. Os sportinguistas, essa classe altaneira e vaidosa, não vê nadinha! Nem param para pensar que nos últimos 30 anos só ganharam 3 campeonatos e que nos últimos 50 anos se ficaram pelos 8.
Assim, não é com surpresa que chegamos aos últimos actos deste (por ora, ainda) grande clube português e à sua humilhante "belenização" até ao momento em que - vaticino eu - nem os treinadores portugueses, sejam eles dispensados de clubes gregos do fundo da tabela ou dispensados de clubes portugueses do fundo da tabela da 2ª Liga aceitarão treinar o novo Belenenses, preferindo o subsídio de desemprego que, para além de cair certinho ao fim do mês, não será assim tão baixo por comparação com aquilo que o SCP poderá oferecer num futuro não muito distante.