Ainda a propósito de expressões descabidas, na forma de excogitação populista trazida para este covil de escárnio pelo bandido Dalton, acontece (e o que eu gosto de usar deste verbo defectivo para carregar, assim logo à partida, o texto duma impessoalidade gritante, num desprendimento de subjectividade que importa assinalar e glorificar) que fui recentemente assaltado pelo eco da célebre expressão “dar a volta ao marcador”, sendo que, e infelizmente, ainda não num jogo do Benfica esta época. Quando no sossego do meu esconderijo oiço um Carlos Daniel ou mesmo um Hélder Conduto (nunca o magnânimo Gabriel “A Enciclopédia” Alves, nome maior da omnisciência esférica) a bradar, com aquele entusiasmo dissimulado, mais postiço que a peruca do José Cid (não tanto como a do Tony Carreira, diga-se en passant), aquele fingimento próprio do poeta, nas ecuménicas palavras de Fernando, não o Pessoa, antes o Silva, que fazia o reboco das paredes de casa dos meus pais com uma assombrosa mestria e que, entendendo o futebol enquanto conclave de proposições técnico-tácticas encaralhadas por discursos néscios, pevides e álcool, todas elas em doses equestres, ainda assim não compreende a significância da expressão supra exposta. Estranho?! Nem tanto. Até porque o mesmo Fernando, benfiquista dos d’antigamente, capaz mesmo de endeusar um qualquer Edcarlos por alturas do defeso, não logra atingir a dita expressão através da lógica interpretativa, sendo que, porém e duma assentada é capaz de, em consequência de repetitivas, arreliadoras e desfavoráveis voltas aos marcadores desejar ao conjunto de jogadores alvo de prévio endeusamento que os mesmo devessem era, e passo a citar “ir dar a volta era à p%$# do bilhar grande, essa cambada de chupistas da quinta pata do cavalo, c§%&#£”# os f§#@€!!”, fim de citação. Extremamente divertida a dialéctica do povo que, não obstante a constante presença do órgão reprodutor masculino na boca, ainda consegue arranjar duma hiperboliforme acutilância para surpreender o comum dos mortais com bonitas lições populares, assim protelando a nossa riquíssima herança cultural, ao mesmo tempo que, com parcimónia, lança mão do mais calunioso dos vitupérios conhecidos, preenchendo de novas significâncias expressões anteriormente descabidas. Obrigados, minha grei.
terça-feira, 25 de março de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário